Precificar projetos no meio criativo sempre foi um pesadelo. Se cobramos pouco, nos comparamos com outros designers que cobram 3x mais e nos sentimos um merda. Se cobramos muito, vem aquele medo de perder o cliente, e nada pode ser mais cruel para quem vive exclusivamente do freelancer do que ficar sem clientes.
A maioria de nós (eu acho) se preocupa em ser justo e não cobrar valores surreais, mesmo que sua expertise possa justificar isso. Por outro lado, quando você cobra pouco, pode estar sendo injusto consigo mesmo.
O barato é louco! Então se qualquer um dos lados (você ou seu cliente) sentir que saiu no “preju” essa equação precisa urgentemente ser ajustada se você quiser ter um negócio sustentável.
A pergunta que não quer calar: Então, qual seria um preço justo?
Como saber se cobrei muito ou pouco?
A real é que você nunca vai ter uma resposta direta no seu bolso, porque o preço é algo muito pessoal que envolve vários aspectos. É contextual ao seu nicho, habilidades, experiência, localização, velocidade de entrega, comprometimento, profissionalismo…
Uns cobram por projeto, outros por valor/hora, Value-Based Pricing, Revenue Share ou um “Feezinho mensal”.
Não importa agora a forma como você cobra pelos seus serviços, o que queremos saber é se estamos cobrando quanto deveríamos cobrar, certo?
E a melhor maneira de descobrir isso é usando o que chamamos de “teste do agradecimento duplo”.
No mercado capitalista, existem dois tipos de transações. Em uma delas, um lado diz "obrigado", e a outra parte responde com um "de nada". Isso acontece quando um presente é dado. Fulano recebe algo de valor sem oferecer muito ou nada em troca. É uma transação em que — do ponto de vista financeiro — há um vencedor claro. Essa dinâmica é intencionalmente unidirecional.
No outro tipo de transação, tanto o cliente quanto o vendedor dizem "obrigado". Pense na última vez que você comprou um cafezinho no boteco. Quando você paga e vai embora e agradece pelo produto e atendimento, o dono normalmente demonstra gratidão (com um sorriso de um lado e um palito de dente do outro) pela escolha de comprar com ele.
Nessa troca, você sente que recebeu algo que vale mais do que o dinheiro pagou, enquanto o vendedor acredita que obteve lucro suficiente para justificar o serviço ou produto oferecido. É uma relação onde ambos saem satisfeitos — um verdadeiro ganha-ganha.
Mas…existe um terceiro tipo de transação em que uma parte agradece e a outra não retribui. A pessoa sente que deu uma vacilada, foi enganada, ou foi coagida a comprar algo que talvez nem queria ou ainda não ficou satisfeita com sua entrega. (em portugues claro, você entregou algo bem bosta) que ela não gostou.
É tipo pagar 500 conto em um almoço e não comer algo agradável o suficiente pra justificar os quinhentão, provavelmente tu nunca mais volte nesse restaurante.
Resumindo, essa é a única troca injusta.
Preço justo não tem mistério. Qualquer tipo de transação que termine com um “duplo obrigado” é justa. Não importa quão alto ou baixo seja o custo disso, se ambas as partes sentem que receberam um bom valor na troca, o preço foi justo.
Eu fico de cara como as pessoas gostam de complicar tudo. Não precisa de um cálculo da sua vida, do seu antepassado e nem planilhas mirabolantes ou estudos científicos pra isso.
Pra ficar mais simples ainda
Seu cliente agradeceu e te procurou para outros jobs? Bingo!
Você se sente recompensado, quando o “dindin” cai na conta? Bingo!
A precificação não precisa ser mais complicada que isso. Afinal, somos designers e devemos focar no que realmente importa. A entrega! Sem uma boa entrega, nada disso funciona.
Ah, e a propósito se você tem medo de cobrar o que realmente seu trabalho vale, vou te contar uma parada. Você raramente vai perder um cliente por isso. Na maioria das vezes, o efeito disso é atrair melhores clientes.
A maioria dos designers erram justamente o contrário. Se desvalorizam e cobram pouco.
Pense primeiro em ser justo consigo mesmo antes de se preocupar em ser justo com seu cliente.
Abre o “zóio” zé :)